domingo, 7 de agosto de 2016

APESAR DO TEMPO

Parece que foi ontem. E já passaram 52. Todos sabem que não sou pessoa de festas de aniversário. Este ano não foi diferente. Esta coisa que eu tenho com o TEMPO  e o facto de chorar sempre que cantam os parabéns, fazem-me ser avessa a festas de aniversário e levam-me a adiar sempre a minha a festa de anos para o ano seguinte. Já vou nos 52 e ainda não fiz a festa dos 50. Comovo-me sempre com os parabéns! Os mais chegados sabem que tenho um truque para não chorar : Usar a letra do “parabéns a você” com a melodia da internacional socialista. Não sei porquê mas funciona sempre.

Hoje acordei a pensar no Mestre. Nele e na história da relação entre a biblioteca e a cidade, na relação que conseguiu construir com o poder eleito. Ele e o Carreira Marques mostraram de forma hábil , a partir de diferentes  áreas, como gerir a relação de poder capitalizando a imagem da cidade, a partir da Biblioteca. Lembrei-me de cada borrasca, cada embate , cada desafio. Estava a pensar e dei graças pela fabulosa experiência humana que foi acompanhá-lo nessa utopia.

Hoje acordei cedo para Andarilhar em emails , mapas, orçamentos, programações e dei por mim a pensar nos lugares por onde já andarilhámos em 23 Anos de Biblioteca e 14 anos de Andarilhas. Dei por mim a pensar nos milhares de crianças, jovens , adultos que pelo menos uma vez nas suas vidas, foram tocadas por projectos,actividades, por experiências de escuta , desenvolvidos pela biblioteca . Pensei nos milhares de livros emprestados, nos milhares de mãos que tocaram as páginas de milhares de livros , nos milhares de orelhas que escutaram  pensamentos , reflexões, histórias , nos milhares de conversas com criadores, obras, vidas.  Estava a pensar e senti-me antiga.

A funcionária pública, autora deste blog, entrou há 2 meses em Modo Andarilhas estado que se agudizará previsivelmente nos próximos 30 dias.  Pede desculpa pela ausência. Quando for possível regressa. Se valer a pena talvez insista em escrever.  Um Abraço Andarilho. Tapaquepelimpim.


domingo, 24 de abril de 2016

O que é POETAR ?

Tenho a casa cheia de visitas  -   destino partilhado por muitas casas nestes dias de OviBeja  – e ainda falta fechar a solta destas Columbinas 2016.
Ontem tivemos uma tarde bonita e serena na biblioteca:a Cláudia Sousa com o seu Andersen e meia dúzia de propostas simples dinamizadas pela prata da casa: aqui a inventar-se  uma cidade, ali a carvoar um auto retrato, além a pastelar um Miró  ou a dançapintar com os pézinhos. Há bibliotecas com sorte. Têm boa prata.
Ando inquieta , tenho insónias (nada como uma insónia para me fazer regressar a este " funcionária pública " tão abandonado ) e decidida a POETAR recusando a ser confundida com a mobília, que, como todos sabem, é o pior que pode acontecer a um funcionário público. POETAR interpelando  um ninho, uma pomba, uma imagem, um texto, usando uma máquina de fazer poesia, lendo muita poesia, falando sobre as palavras e desenhando-as no ar .Percebe-se que este POETAR contrariamente ao que a palavra poderia sugerir de contemplativo, dá um trabalho do cão: aqui "poetando" nas escolas da cidade, ali "poetando" nas freguesias e para fecho, "poetando" no Papa Livros, "poetar" sozinhos ou acompanhados por Vergílio, Mésseder e isto sempre a pensar sobre. (pensar sobre é quase tão inquietante como POETAR)   
Porque "poeto" assim? Porque acredito cada vez mais no trabalho em torno da expressão do poética na vida. Creio na poesia como um instrumento poderoso na relação com o literário e com a essência;: a descoberta do nosso lugar no mundo. Da nossa voz no mundo. Imaginem um mundo onde todos tivesse voz. 
Poetar é entre muitas outras coisas um estado de alma. Uma coisa tão verdadeira e onde se aprende tanto sobre a natureza humana que só isso paga o esforço e  dilui o desalento das ausências de sentido. Quem tem o direito de desalentar quando sabe que o seu trabalho pode apoiar a descoberta dessa voz? Quem pode desalentar quando escuta ou lê, escrito pelos miúdos, coisas fabulosas como esta?

“ Eu nunca acordo sozinho. Estou sempre acompanhado pelos possíveis e impossíveis.”
Juno / Eb1 S.Maior-Beja

“Pode parecer um coisa simples, um ninho, mas sagrado para quem o habita.”
Papa – livros

 “O sagrado é qualquer coisa pequena de imenso valor. Um grão de areia.”
Papa – livros.

 “O que é uma visita?
Alguém que entra para nos surpreender.”
Papa – livros.

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